“In necessaris unitas, in dubis libertas, in omnibus caritas” Agostinho de Hipona –
“Na essência Unidade, no secundário liberdade, nas demais coisas amor.“
Temos esquecido de algumas características evangélicas levantadas pela Reforma. Hoje a Igreja está num estado que envergonha o Evangelho de Cristo. Muitas igrejas não são mais reconhecidas como evangélicas graças ao novo status que ela atingiu. Uma igreja que divulga mentiras, em que os crentes não demonstram amor e serviço ao próximo.
Os pastores e os chamados “apóstolos” (que não são) demonstram características jamais vistas no cristianismo. A Igreja é uma só e não pode distanciar-se dos desejos de seu noivo que é Cristo. Quando falamos da noiva de Cristo devemos perguntar: qual é a identidade dessa noiva? ou, quais os pensamentos que o seu esposo deixou gravado no seu coração? Quais são as características que essa noiva deve apresentar em sua existência para ser chamada de esposa?
Temos comentado que muitas Igrejas têm saído do nosso meio e tem perdido completamente o Evangelho verdadeiro. Há um livro muito bom do Rev. Martyn Lloyd Jones chamado: O que é um Evangélico? em que trata sobre as características evangélicas e bíblicas de uma Igreja verdadeira. Lloyd-Jones demonstra que a igreja de hoje perdeu quase que completamente o sentido bíblico quanto Reformado de ser Igreja. Baseando-me nas ideias deste Pastor, levanto quatro formas sobre o que é ser um Evangélico.
A 1ª característica de um evangélico é fundamental e a Igreja não pode abrir mão deste princípio. Jesus Cristo é o único meio de salvação. Fora dele não há nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos, (cf. At 4:12). Todas as igrejas que não têm Jesus como Senhor e único Salvador, não podem ser chamadas de igreja irmã. Neste ponto, caem várias seitas que desprezam o Messias. O princípio norteador da Igreja é Jesus Cristo como fundamento e se alguém não tem este fundamento (1 Co 3:10), não pode ser considerado Igreja segundo o N.T. Na Reforma do século XVI este era o princípio intitulado Solus Cristus.
Hoje a pessoa de Jesus tem sido maltratada por dois fatores: primeiro o desuso. Pode parecer estranho, mas nos púlpitos das igrejas “o show gospel” tomou o uso da proclamação do nome de Jesus. Jesus não é o meio de salvação e sim a performance da Igreja; segundo Jesus tornou-se um meio [não de salvação], mas um meio de se entrar em determinados lugares como a política, a religião e o espetáculo gospel. A tese de Campos sobre o Neopentecostalismo afirma:
A 2ª característica da qual a Igreja não pode abrir mão é a Bíblia como Palavra de Deus infalível e normativa para todas as questões humanas. Neste princípio, busca-se destituir a Igreja da autoridade sobreposta a Cristo. Onde está a autoridade da Igreja? Da denominação, da Instituição, do autointitulado apóstolo, do Pastor? De uma teologia puritana ou liberal? A resposta é um redundante não!
O princípio do Sola Scriptura tem sido negligenciado no meio Evangélico e por isso a Bíblia não é a fonte de toda a teologia da Igreja. Muitos evangélicos absorveram outras fontes de autoridade como “revelações”, “experiências”, “pseudos-profecias” porque a fonte de autoridade não é mais a Bíblia. Desta forma, muitas Igrejas deixaram de ser evangélicas porque a Bíblia é uma espécie de canivete suíço, serve para tudo. Pense nas igrejas que usam “campanhas”, “milagres”, “prosperidade”, “lenços”, orações com foto, orações sem quaisquer escrúpulos em nome de Deus. Esta Igreja não reconhece e nem interpreta a Bíblia de forma sadia, mas muitas vezes de forma a defender seus próprios interesses. O que for mais pragmático e agrada o paladar das pessoas são as pregações do século XXI.
A 3a característica de que uma Igreja saudável não pode abrir mão é a declaração do Concílio de Nicéia sobre a Trindade. Isto é: Cremos em Deus-Pai, cremos em Deus-Filho e cremos no Espírito Santo. Esta é uma característica bíblica inegociável. Pois embora não entendamos a Trindade, ela é claramente vista na Escritura. Quem não tem a doutrina bíblica da Trindade não é nosso irmão. A doutrina da Trindade precisa ser compreendida na economia divina. Deus não tem gênero, Ele chamado de Pai por causa da revelação da Escritura, mas Deus é espírito (Jo 4) e neste sentido, a Igreja o adora como a fonte de todo bem e de toda pureza e bondade. Seus atributos são invisíveis, mas as vezes visíveis aos homens e mulheres.
O Filho não pode ser diminuído como Deus igual ao Pai e ao Espírito. Entender e pregar sua obra é honrar a Trindade e a teologia da Igreja. Nós pregamos que o Filho é o Senhor do Universo porque Ele deu sua vida por nós e perdoou todos os nossos delitos. Qualquer pregação que não leva em conta a obre do Filho é Igreja anti-Cristo. Qualquer teologia que não vê Jesus como a chave hermenêutica da Escritura, nega a Trindade e nega o Filho de Deus.
A 4a característica é a mais complicada por que envolve conceitos como a graça, a fé, e a teologia bíblica da cruz. Colocaríamos assim: A pregação legítima das doutrinas da graça. Neste ponto é que os evangélicos estão se perdendo. Hoje, o ensino de muitas igrejas são moralistas, as vezes dependendo da igreja o ensino é de “usos e costumes” dizendo
que quem usam determinadas roupas , esses/as vão para o inferno. Outros ensinam que se dermos dinheiro para Deus seremos prósperos e outros ensinam sopros do
espírito, unção disto e daquilo e etc… Onde está a palavra da cruz? a graça de Deus? Temo em dizer que muitos deixaram de ser evangélicos, crentes e até mesmo cristãos! Pense nisto!
Rev. Ede