A MORTE SE TRANSFORMA EM VIDA!
Por Evaldo Beranger (in memoriam)
“Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo. Mas a verdade é que Cristo foi ressuscitado, e isso é a garantia de que os que estão mortos também serão ressuscitados.” (1ª Coríntios 15.19-20, NTLH).
Se Jesus tivesse apenas morrido por nós, não haveria salvação. Mas ele ressurgiu dentre os mortos e, assim. a ressurreição de Jesus Cristo é a grande esperança cristã e a garantia de nossa vida eterna!
Ao ressuscitar Jesus demonstrou que a morte perdera o seu poder destruidor. Este poder da morte não atingiu somente o ser humano e outros seres vivos. A morte estende o seu poder sobre a alma humana e pode se estender por toda eternidade.
Morrer é, basicamente, uma separação. Ao morrer, o corpo humano perde o fôlego da vida: “Então o nosso corpo voltará para o pó da terra, de onde veio, e o nosso espírito voltará para Deus, que o deu.” (Eclesiastes 12.7, NTLH). Assim o Eclesiastes descreve essa separação.
A morte é apresentada também na Bíblia como separação entre a Humanidade e Deus e nesta dimensão é chamada de morte espiritual. A Carta aos Efésios 2:1-3 descreve este estado de todo aquele que ainda não entregou sua vida a Jesus Cristo como aversão à ação de Deus, como uma disposição mental para o erro, o pecado.
Naquela Páscoa há cerca de dois mil atrás dois inimigos se enfrentaram na pessoa de Jesus, a morte e a vida. Num primeiro momento parecia que a morte havia vencido, pois, de fato Jesus morreu na cruz uma morte dolorosa, cruel e vergonhosa. Foi sepultado como um selo final de que a morte vencera, pois, se o resultado do pecado é a morte, conforme Romanos 6:23, Jesus não devia morrer. Ele não pecou e foi o único quem conquistou por suas obras o direito de viver! No entanto, a vitória da morte foi apenas aparente. Deus o ressuscitou dentre os morte e ele se tornou o primeiro a ressuscitar para a vida eterna.
Muitos podem argumentar que a própria bíblia nos fala de outras ressurreições antes de Jesus Cristo, mas ninguém ressuscitou como Jesus. Todos os que foram levantados da morte voltaram a morrer, pois suas ressurreições eram apenas adiamentos da morte que, em todos os casos, voltou para reclamar a sua vitória.
Porém, a ressurreição de Cristo foi definitiva. Ele ressurgiu com um corpo glorificado, subiu aos céus e com este mesmo corpo humano com que subiu virá nos buscar para vivermos eternamente com ele em uma nova terra e um novo céu, nos quais habita a justiça (2ª Pedro 3:13).
A Pascoa judaica era marcada pela morte do cordeiro, já a Páscoa cristã é marcada pelo pão e pelo vinho da Santa Ceia. A antiga aliança fala da morte e o cordeiro de Deus, Jesus morreu por todos. A nova aliança fala de vida, pois o pão e o vinho eram a base alimentar de uma vida bem vivida, com sustento no pão e alegria no vinho.
A ressurreição de Jesus é o começo de uma nova etapa na história da salvação. Cristo é chamado de “as primícias dos que dormem”, isto é, é o primeiro a ressurgir dos mortos para uma vida eterna, sem doenças, sem dores, sem o pecado. Esse é plano de Deus, nos dar vida, mas vida em abundância, com qualidade, num ambiente onde a morte foi totalmente derrotada.
Se Cristo apenas tivesse morrido por nós, ele seria um mártir no sentido moderno da palavra: alguém que morre por uma causa, muito bem intencionado, mas cuja vida só não se perde se servir de inspiração à causa. A Bíblia usa o termo mártir para Cristo no seu sentido original, que é alguém que vive o que prega e, portanto é um testemunho vivo daquilo que ele nos prometeu. Somente alguém vivo e imune à morte pode testemunhar da vida eterna que ele nos promete. Se ele não ressuscitasse nossa fé de nada serviria e seríamos as mais infelizes de todas as criaturas. Condenados à morte desde que nascemos.
A Páscoa cristã que é a Santa ceia nos fala de três ressurreições: a primeira, daquele que morreu por nós e voltou a viver para não morrer mais, a segunda, o novo nascimento daquele que crê no Senhor Jesus e a terceira, a ressurreição do corpo para a vida eterna. A ressurreição de Cristo é a garantia do novo nascimento (ressurreição espiritual) e da ressurreição do corpo para uma nova vida. Esse é o sentido da Páscoa: morte que se transforma em vida!